Total de visualizações de página

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Chuva de meteoros Líridas 2017.


Liridas 2017


É na segunda quinzena de abril que acontece a chuva de meteoros Líridas! Não perca!



Todos os anos, entre os dias 16 e 25 de abril, acontece a chuva de meteoros Líridas, mas é nos dias 21 e 22 de abril que ocorre seu pico, ou seja, o momento em que a maior quantidade de meteoros poderá ser observada riscando o céu!

A chuva de meteoros Líridas (ou Lirideas) acontece quando a Terra passa pelos rastros de detritos deixados pelo cometa Thatcher C/1861 G1. Sempre, nessa mesma época do ano, o nosso planeta passa justamente na esteira de poeiras desse antigo cometa, atraindo os pequenos fragmentos que penetram em nossa atmosfera, criando as magníficas "estrelas cadentes", como são popularmente conhecidos os meteoros.


Como observar a chuva de meteoros Líridas 2017?

Seja pra observar essa ou qualquer outra chuva de meteoros, a regra é a mesma: buscar um lugar com o mínimo de poluição luminosa possível, longe de luzes que podem atrapalhar a nossa observação.

O radiante (região do céu onde os meteoros parecem se originar) da chuva Líridas encontra-se ao lado da constelação de Lira, o que justifica o nome da chuva. Pouco antes do amanhecer, por volta das 04h00 da madrugada, olhe para a direção norte do céu, e encontre a estrela Vega (como mostra a imagem abaixo):


Radiante da chuva de meteoros Líridas
Radiante da chuva de meteoros Líridas. Neste momento, por volta das 04h00 da madrugada,
a Lua já terá nascido e estará à direita, o que pode ofuscar o brilho dos meteoros mais fracos.
Créditos: STELLARIUM         /         Edição: Galeria do Meteorito

Quanto mais ao norte do Brasil você estiver, melhor será sua observação da chuva Líridas. Em São Paulo, ou no Rio de Janeiro, por exemplo, seu radiante se encontra muito próximo do horizonte, o que dificulta um pouco sua observação.


Nenhum equipamento é necessário, já que os meteoros riscam uma grande extensão do céu em questão de instantes. Telescópios ou binóculos irão apenas atrapalhar a observação dos meteoros.


O pico da chuva de meteoros Líridas costuma gerar cerca de 15 meteoros por hora, sendo que esse número pode chegar a 100 meteoros por hora em alguns anos, porém, se você estiver observando essa (ou qualquer outra chuva de meteoros) em uma cidade grande, com bastante poluição luminosa, as condições de observação serão muito ruins, e apenas meteoros muito brilhantes (como os bólidos/bolas de fogo) é que poderão ser vistos.
Chuva de meteoros Liridas registrada pela NASA
Chuva de meteoros Líridas registrada pela NASA.
Créditos: NASA / MSFC / D. Moser

Curiosidade sobre a chuva de meteoros Líridas: na verdade, ela deveria se chamar "Herculidas", e não "Líridas", pois seu radiante fica na constelação de Hércules. Essa chuva foi nomeada e identificada no século 19, quando a UAI (União Astronômica Internacional) ainda não havia adotado "oficialmente" a configuração das constelações, que ocorreu somente em 1922.


Transmissão ao vivo - Líridas 2017

Se o tempo permitir, teremos uma transmissão ao vivo da chuva de meteoros Líridas 2017, com imagens em tempo real feitas a partir de pontos estratégicos, onde o céu é limpo, escuro, e ideal para a observação de chuvas de meteoros. Câmeras de alta resolução irão registrar o melhor das Líridas 2017, uma cortesia do nosso parceiro Observatório Slooh. Fiquem ligados!


Um pouco mais sobre a chuva de meteoros Líridas

Uma das razões que faz a chuva de meteoros Líridas ser uma das mais famosas é o fato dela nos surpreender de tempos em tempos, criando grandes "outbursts" - um grande aumento abrupto na quantidade de meteoros. Sempre existe a possibilidade de sua taxa nos surpreender, e a cada 60 anos aproximadamente, ela dá um verdadeiro show, como relatado na Grécia em 1922, no Japão em 1945 e nas Américas em 1982. Em 1803, a chuva Líridas produziu cerca de 700 meteoros por hora, o que também aconteceu em 687 a.C.
Confúcio -  pintor Wu Daozi entre  685-758
Pintura de Confúcio, feita por
Wu Daozi entre 685 e 758.
Créditos: Wikimedia Commons / Wu Daozi
A chuva de meteoro Líridas é uma das mais antigas chuva de meteoros relatadas em documentos antigos, sendo que alguns datam cerca de 2.700 anos atrás.

A China antiga já observava a chuva Líridas em 687 a.C., e a descrevia como algo que "caia como chuva". A data desses documentos antigos coincidem com o Período das Primaveras e Outonos, entre 771 e 476 a.C, que é associado ao renomado pensador chinês Confúcio, conhecido popularmente pelo seu ditado: "Não faças aos outros o que não queres que façam a ti". Será que o grande professor e filósofo Confúcio observou a histórica chuva de meteoros Líridas? Considerano os céus limpos daquela época, provavelmente sim...


O desconhecido cometa Thatcher...
Como foi dito anteriormente, o cometa Thatcher (C/1861 G1) é o responsável pela chuva Líridas, que ocorre sempre nessa mesma época do ano, quando a Terra passa pelos rastros deixados durante sua passagem pelas redondezas. Mas por conta de sua órbita de 415 anos (período que ele leva para completar uma volta ao redor do Sol), não temos nenhuma fotografia desse incrível cometa.



A última vez que ele passou pelo Sistema Solar interior, em 1861, o processo e os equipamentos fotográficos ainda não haviam sido espalhados pelo mundo, e a tecnologia da época era bastante precária se comparada com a atual. Mas não se preocupe, pois na próxima vez que o cometa Thatcher passar por aqui, nós iremos fotografá-lo incansavelmente. A parte chata da história é que a nossa geração não estará mais aqui na Terra, afinal, o cometa Thatcher só passará por aqui novamente em 2276...

Imagens: (capa-divulgação) / STELLARIUM / Galeria do Meteorito / NASA / MSFC / D. Moser / Wikimedia Commons / Wu Daozi / divulgação
20/04/17

Fonte: http://www.galeriadometeorito.com/2017/04/chuva-de-meteoros-liridas-2017.html









sexta-feira, 14 de abril de 2017

Um fraco e distante objeto é encontrado na periferia do Cinturão de Kuiper.

ALMA encontrou algumas informações interessantes ao investigar o membro muito distante do nosso sistema solar.



Astrônomos revelaram mais informações sobre o objeto muito distante do sistema solar chamado 2014 UZ224, ou DeeDee.

DeeDee é um objeto trans-neptuniano (TNO) que foi primeiramente descoberto por uma equipe de astrônomos liderados por David Gerdes, cientista da Universidade de Michigan e principal autor do artigo no Astrophysical Journal Letters. Gerdes estava usando o telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile para o Dark Energy Survey, que deu os astrônomos um número extraordinário de imagens. Enquanto a maioria dessas fotos acabou por ser galáxias distantes, algumas mostraram sinais de TNOs, e uma pequena quantidade de imagens TNO, 12 fotos eram de DeeDee, que é a abreviatura em inglês para Distant Dwarf.

DeeDee é o segundo objeto TNO mais distante conhecido na periferia de Kuiper com uma órbita, mas por outro lado não se sabe muito sobre ele até recentemente.

Astrônomos recolheram alguns detalhes surpreendentes sobre DeeDee usando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e só recentemente divulgaram as informações, incluindo seu tamanho - de aproximadamente 635 quilômetros (394 milhas) - e sua massa que deve ser esférica, o que o coloca na corrida para se tornar um Astrônomos revelaram mais informações sobre o objeto muito distante do sistema solar chamado 2014 UZ224, ou DeeDee.

DeeDee é um objeto trans-neptuniano (TNO) que foi primeiramente descoberto por uma equipe de astrônomos liderados por David Gerdes, cientista da Universidade de Michigan e principal autor do artigo no Astrophysical Journal Letters. Gerdes estava usando o telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile para o Dark Energy Survey, que deu os astrônomos um número extraordinário de imagens. Enquanto a maioria dessas fotos acabou por ser galáxias distantes, algumas mostraram sinais de TNOs, e uma pequena quantidade de imagens TNO, 12 fotos eram de DeeDee, que é a abreviatura em inglês para Distant Dwarf.

DeeDee é o segundo objeto TNO mais distante conhecido na periferia de Kuiper com uma órbita, mas por outro lado não se sabe muito sobre ele até recentemente.

Astrônomos recolheram alguns detalhes surpreendentes sobre DeeDee usando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e só recentemente divulgaram as informações, incluindo seu tamanho - de aproximadamente 635 quilômetros (394 milhas) - e sua massa que deve ser esférica, o que o coloca na corrida para se tornar um planeta anão.
- See more at: http://www.misteriosdouniverso.net/2017/04/um-fraco-e-distante-objeto-e-encontrado.html?m=1#sthash.z7I0Knv2.dpufplaneta anão.
- See more at: http://www.misteriosdouniverso.net/2017/04/um-fraco-e-distante-objeto-e-encontrado.html?m=1#sthash.z7I0Knv2.dpuf

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Comparação: Planetas e Estrelas.


Asteroide do tamanho de um carro acaba de passar raspando na Terra!

asteroide 2017 GM passa proximo da Terra

Descoberto no mesmo dia de sua máxima aproximação, o asteroide 2017 GM chegou mais próximo do que os nossos satélites!





A rocha espacial de 3,6 metros, chamada 2017 GM, passou bem perto do nosso planeta nessa terça-feira, a uma velocidade de 18,5 quilômetros por segundo em relação à Terra. Cientistas do Mount Lemmon Survey, no Arizona, avistaram o asteroide pela primeira vez no mesmo dia de sua máxima aproximação, pesquisadores do Virtual telescope Project e dos Observatórios de Tengara conseguiram registrar uma foto alguns instantes antes de sua máxima aproximação:



Asteroide 2017 GM
Gianluca Masi (Virtual Telescope Project) e Michael Schwartz (Observatórios Tengara) registraram
essa imagem do asteroide 2017 GM em sua máxima aproximação com a Terra no dia 04 de abril de 2017,
utilizando um telescópio no Arizona, EUA. O telescópio acompanhou a trajetóia do asteroide, portanto
ele aparece como um objeto estático, enquanto as estrelas aparecem como rastros de luz.
Créditos: Gianluca Masi / The Virtual Telescope Project / Michael Schwartz / Tengara Observatories

Com base em sua órbita, o pequeno asteroide provavelmente já tinha passado próximo da Terra antes, em março de 1961, de acordo com o Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA. No entanto, essa antiga aproximação foi muito diferente da atual, pois tudo indica que em 1961 ele passou a uma distância 93 vezes maior do que a distância entre a Terra e a Lua. Em seguida, ele se afastou da cercanias do nosso planeta, mas acabou sofrendo interações gravitacionais de Marte e de Vênus, em 2013 e 2014, respectivamente, antes de fazer seu caminho de volta pra Terra.


animação mostra a posição do asteroide 2017 GM durante sua máxima aproximação com a Terra
Animação mostra a órbita e a posição do asteroide 2017 GM durante sua máxima aproximação com a Terra.
Créditos: JPL / SBDB         Edição: Galeria do Meteorito

O asteroide 2017 GM é o 15° objeto a fazer máxima aproximação com a Terra neste mês, sendo ainda o que chegou mais próximo dentre todos da lista, de acordo com dados obtidos pela NASA.


Em março, um objeto de 3 m chegou 1.600 km mais próximo do que o asteroide 2017 GM. Em ambos os casos, eles passaram muito mais próximos da Terra do que nossos próprios satélites geoestacionários.

Fonte: http://www.galeriadometeorito.com/2017/04/asteroide-do-tamanho-de-um-carro.html

Novo modelo para formação de cinturão de asteroides é descrito.

05 de abril de 2017.Novo modelo para formação de cinturão de asteroides é descritoPesquisadores da Unesp publicam artigo no The Astrophysical Journal sugerindo que asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter são evidência de fase caótica na infância do Sistema Solar (foto: Nasa).

Peter Moon  |  Agência FAPESP – Em 1801, quando procurava um planeta que acreditava existir entre as órbitas de Marte e Júpiter, o padre e astrônomo italiano Giuseppe Piazzi (1746 – 1826) acabou descobrindo Ceres, um planeta-anão de quase mil quilômetros de diâmetro.
Ceres é o maior objeto do chamado cinturão de asteroides, mas está longe de ser o único. Estima-se que o cinturão seja formado por mais de 1 milhão deles. Há mais de 200 anos os astrônomos quebram a cabeça para descobrir como foi que o cinturão de asteroides se formou e por que não existe nenhum planeta entre Marte e Júpiter.
Apesar da enorme quantidade de dados reunida em dois séculos de pesquisas sobre o cinturão – inclusive graças a diversas sondas espaciais que foram enviadas até lá –, ainda não se chegou a um consenso sobre como ele teria se formado.
Novas hipóteses continuam sendo formuladas, como é o modelo denominado de “Caótico”, recentemente descrito no The Astrophysical Journal. Seus autores são os astrônomos brasileiros André Izidoro e Othon Winter, do Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá, em colaboração com colegas da França e dos Estados Unidos. O trabalho contou com o apoio da FAPESP nas modalidades Projeto Temático e Apoio a Jovens Pesquisadores.
Os planetas do Sistema Solar são divididos em duas categorias, os rochosos ou terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), que ficam no Sistema Solar interno, e os gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) do Sistema Solar externo.
Entre os dois grupos está o cinturão principal de asteroides. Suas centenas de milhares de objetos se distribuem por uma ampla faixa orbital que vai de aproximadamente 1,8 a 3,2 unidades astronômicas do Sol (uma unidade astronômica equivale à distância média do Sol à Terra).
“Os gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, foram os primeiros a se formar, quando o Sistema Solar contava com no máximo 10 milhões de anos”, disse Izidoro, cuja pesquisa “Formação e dinâmica planetária: do Sistema Solar a exoplanetas” tem apoio da FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.
Segundo ele, os gigantes gasosos se formaram a partir da acreção, ou seja, do acúmulo do gás da nebulosa solar que envolvia o protossistema solar. Esse mesmo gás é parte daquele que serviu de matéria-prima para a formação e ignição do Sol.
A Terra se formou quando não havia mais gás à disposição, pois toda matéria da nebulosa havia sido tragada pelo Sol ou pelos gigantes gasosos, e o que não fora se dissipou ou então foi expelido para longe pela intensa radiação do Sol recém-nascido. “Estima-se que a Terra tenha se formado quando o Sol tinha entre 30 e 150 milhões de anos. O cinturão de asteroides se formou mais cedo do que a Terra, mas os asteroides só atingiram a distribuição atual ao longo da história do Sistema Solar”, disse Izidoro.
“Para explicar o modelo Caótico é preciso primeiro falar sobre o principal modelo atual de formação do Sistema Solar, o Grand Tack”, disse Izidoro. O nome dessa teoria é inspirado em uma manobra náutica chamada “cambada” ou “cambada por davante” (tacking, em inglês), que consiste em mudar a direção de um barco colocando a proa contra o vento.
Pelo modelo Grand Tack, durante a formação de Júpiter, o planeta teria migrado da sua órbita original a 3,5 unidades astronômicas do Sol até cerca de 1,5. No entanto, assim como migrara para perto do Sol, o planeta Júpiter, em seguida, realizou o caminho contrário. Isso ocorreu graças a Saturno, o segundo maior planeta do Sistema Solar.
Conforme Saturno incorporava gás e crescia, ele também migrava em direção ao Sol. Júpiter e Saturno teriam dado uma “cambada” assim que Saturno encontrou Júpiter no caminho de aproximação do Sol.
Esse movimento de ida e volta de Júpiter e Saturno, de acordo com o Grand Tack, teve duas consequências: uma para Marte e a outra para a formação do cinturão de asteroides.
No caso marciano, o “limpador” planetário no qual Júpiter (e Saturno) se convertera removeu a maior parte da matéria-prima disponível desde a órbita de Marte até o cinturão de asteroides. É por isso que Marte, ao se formar mais tarde, acumularia material suficiente para atingir apenas um décimo da massa da Terra.
Já no caso do cinturão de asteroides, a influência gravitacional de Júpiter trouxe consequências mais drásticas. Somente uma pequena fração da matéria original sobreviveu na região do cinturão de asteroides, uma quantia insuficiente para formar um planeta, mas consistente com o que é observado hoje. Além disso, a distribuição dos asteroides nesse modelo é bastante similar àquela dos asteroides reais.
Simulação computacional
Ao observar as nebulosas de protossistemas solares na Via Láctea, os astrônomos verificam as condições pelas quais planetas gigantes se formam.
“O Grand Tack é muito aceito, é bem sólido e encontra respaldo em observações astronômicas. Mas isso não quer dizer que esteja correto, nem que o cinturão de asteroides se formou da forma por ele prevista”, disse Izidoro.
Winter concorda. “O Grand Tack não é o único modelo a explicar a formação do cinturão de asteroides. O nosso modelo Caótico também é viável”, disse o professor titular do Departamento de Matemática da Faculdade de Engenharia da Unesp, coordenador do Projeto Temático "Dinâmica Orbital de Pequenos Corpos".
A diferença dos dois modelos parte de uma variável básica: a quantidade de matéria-prima disponível na região de Marte e do cinturão de asteroides. O Grand Tack parte da premissa de que havia muita matéria nessas regiões e que essa matéria foi removida por Júpiter e Saturno durante uma dramática fase de migração.
Já o modelo Caótico desenvolvido por Izidoro e Winter parte da premissa de que quase não havia matéria naquelas regiões. Tal hipótese prescinde de uma migração tão intensa de Júpiter em direção ao Sol, pois assume já de início que quase não havia matéria ali.
Estudos astronômicos são conduzidos tanto a partir de observações astronômicas como de simulações computacionais. Essas últimas são feitas ao compilar e rodar programas que simulam o comportamento dos corpos celestes que se quer estudar de acordo com as leis físicas e as variáveis que se quer testar.
“Nos estudos astronômicos, são realizadas dezenas ou até centenas de simulações diferentes. “No entanto, todas elas forneceram resultados insatisfatórios, que não reproduziam um Sistema Solar tal qual o observamos. Todas, menos uma.”
O único resultado positivo do modelo Caótico, aquele que condiz com o Sistema Solar que observamos, foi obtido por acaso. Isso aconteceu quando, nas variáveis da simulação, as órbitas de Júpiter e Saturno foram levemente alteradas, mas mantidas em uma mesma ressonância.
Dois planetas estão em ressonância quando suas órbitas estão sincronizadas à razão de números inteiros, como 1, 2, 3, 4 etc. Nesse caso específico, a configuração era tal que, para cada órbita de Saturno, Júpiter descrevia praticamente – mas não exatamente – duas voltas completas em torno do Sol. A simulação previa uma pequena vibração nas órbitas de Júpiter e Saturno.
“A vibração era mínima, incapaz de retirar os planetas do estado de ressonância, porém suficiente para alterar o equilíbrio do sistema. Foi aí que emergiu o caos que dá nome ao modelo”, disse Winter.
Em vez de a simulação calcular as órbitas de Júpiter e de Saturno como elipses perfeitas, os planetas descreveriam órbitas minimamente diferentes umas das outras, tanto na forma da elipse quanto na sua oscilação em relação ao plano do Sistema Solar. Essa condição mínima foi suficiente para alterar todo o comportamento dos asteroides no cinturão principal.
“A diferença entre o resultado dessa simulação onde Júpiter e Saturno tinham órbitas caóticas e daquelas onde não tinham foi realmente impressionante”, disse Izidoro.
“A simulação resultou em um Sistema Solar interior com Marte pequeno, com massa equivalente àquela que ele de fato tem, e um cinturão de asteroides com distribuição de corpos muito semelhante àquela observada. No nosso modelo, a distribuição dos asteroides atingiu o seu status atual em algum momento durante a infância do Sistema Solar, ou seja, durante os seus primeiros 700 milhões de anos”, disse Izidoro.
“No modelo Caótico, Júpiter e Saturno provavelmente migraram um pouco em direção ao Sol, mas em uma intensidade muito menor do que aquela do modelo Grand Tack. Na nossa concepção, Júpiter e Saturno nunca adentraram 5,2 unidades astronômicas”, disse.
O novo modelo desenvolvido pelos brasileiros e que descreve a formação do cinturão de asteroides é plausível e reproduz um Sistema Solar como o conhecemos. Mas seria essa hipótese a resposta definitiva para a questão?
“Ainda não podemos afirmar isso. Os dois modelos são a priori válidos, tanto o Grand Tack como o Caótico. Mas qualquer um deles pode ser descartado a qualquer momento, se algum deles falhar em reproduzir resultados condizentes com a realidade que observamos.
“Nosso modelo tem certas vantagens em relação ao Grand Tack, que é um modelo muito bonito, porém muito complexo. Para funcionar, ele exige que o disco do Sistema Solar satisfaça algumas condições peculiares. Já o nosso modelo Caótico é pautado em situações mais comuns, que foram observadas, como o fato de os planetas entrarem em ressonância”, disse Winter.
“O modelo Caótico é mais simples. E, na ciência, geralmente as respostas mais simples são aquelas que mais frequentemente conduzem à solução de um problema”, disse.
O artigo The asteroid belt as a relic from a chaotic early Solar System (doi: https://doi.org/10.3847/1538-4357/833/1/40), de André Izidoro, Sean N. Raymond, Arnaud Pierens, Alessandro Morbidelli, Othon C. Winter e David Nesvorny, pode ser lido por assinantes do The Astrophysical Journal